terça-feira, 20 de abril de 2010

Agora, já sei!


Entardecia. O caminhante respirou esperançado. Ali, junto àquela casa de campo, um homem ceifava erva. De certeza - dizia a si mesmo - que aquele bom homem lhe saberia dizer quanto lhe faltava ainda para chegar à próxima aldeia.
«Boas tardes, amigo - saudou o caminhante -. Falta muito para chegar à aldeia? Quanto demorarei a chegar lá?».
A resposta do camponês foi um encolher de ombros. Mais do que admirado pelo silêncio, ficou mal-humorado por o camponês não lhe ter dado qualquer resposta e ter sido tão pouco educado. E assim lá continuou o seu caminho mergulhado em tristes pensamentos.
Tinha andado apenas uns duzentos metros quando ouviu um grito nas suas costas: «Oiça amigo, vai demorar aí umas duas horas a chegar à aldeia». «Certo, muito obrigado - gritou do mesmo modo e com mau génio o caminhante -. E porque não teve a amabilidade de mo dizer quando lho perguntei»? «Desculpe, senhor - respondeu o camponês - é que há pouco eu não sabia a que velocidade o senhor andava. Agora, já sei».

[Afonso Francia]

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