Um farol muito útil pois a costa era penhascosa e o perigo certo para os pescadores que lidavam sobre as ondas. Altaneiro como uma torre, todos o viam à distancia e quando o viam sabiam que a barra ficava perto.
O farol via os barcos passar, ao longe e ao perto, mas sem que nenhum lhe ligasse importância. Bem se esforçava por atrair as atenções dos mareantes, roncando forte nos dias de nevoeiro e piscando os seus olhos luminosos a noite inteira. Mas os barcos não se incomodavam e passavam como se ele não fosse ninguém. Tanta indiferença fazia-lhe mal. Pior ainda, quando notava que os barcos se afastavam dele como de um mau agoiro. Bem gostaria de conversar um pouco com os barcos, ouvir histórias do alto mar, saber da faina dos pescadores. Mas não. Para eles, o farol não era gente. Só às vezes, o faroleiro se entretinha com ele, a recordar histórias antigas de naufrágios de outros tempos.
Até que um dia, o farol perdeu a paciência e cansado de tanta indiferença, resolveu calar a sua voz e apagar a luz. Para quê esforçar-se se ninguém apreciava o seu esforço?
Mas passados poucos dias, reparou que um barco se começou a aproximar cada vez mais até que encalhou contra os penedos da costa. Ouviu então os homens gritar de dentro do barco:
- A culpa é do farol, que está avariado. Se ele nos fizesse sinal, nada disto aconteceria.
Só então o farol compreendeu porque é que os barcos nunca se aproximavam dele. Era ele que os ajudava a evitar a costa e a fugir do perigo. Afinal não era dele que os homens fugiam, ele é que os salvava.
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