Ao amanhecer, Paulo visitou um amigo para lhe colocar algumas questões. Esse amigo vivia num convento. A companhia tocou. Foi atendido por outro amigo que não o amigo com quem Paulo queria colocar as suas questões. Foram chama-lo. O amigo veio ao seu encontro. Paulo disse-lhe:
- Bom dia, não queria continuar o meu caminho sem antes lhe perguntar. Todos os Domingos, ou quando por aqui venho sou convidado a rezar, a rezar pelos missionários, pelos pobres, pelos pecadores… pelo mundo! No entanto só me mandam rezar, mas nunca ninguém me explicou como o devo fazer, nunca ninguém me ensinou a rezar. Como se reza?
O amigo olhou calma e serenamente para ele e disse-lhe:
- Tens tempo? Vem e segue-me.
Percorreram os claustros, seguiram os corredores, entraram numa pequena e singela capela. O amigo que o tinha guiado disse-lhe:
- Fala com Ele.
O rapaz retorquiu:
- Com Ele? Mas eu vim para que me explicasse como rezar, não para falar com Ele. Vim para falar consigo, para que me ensinasse a rezar.
O amigo apontando para o sacrário disse-lhe novamente:
- Fala com Ele.
Paulo ficou sem falar… O seu coração estava ocioso. Tinha vindo falar com um amigo e esse amigo tinha-lhe deixado ali. Porque o teria feito. Teria muito que fazer? Estaria ocupado. Porque o «aprisionara» na capela? Falar o que? Quem responderia? Apetecia-lhe fugir. E começou a contestar todas as questões que lhe surgiam na mente.
Na «música calada, na solidão sonora», que o invadia, continuava a ecoar calmamente o silêncio, o coração dele de turbulento calmamente serenava… passado um longo, longo tempo, Paulo saiu da capela e foi procurar o seu amigo. Quando o encontrou disse-lhe duas palavras:
- Obrigado amigo!
Num terno abraço se despediu. Sempre que podia e a vida o permitia, Paulo tocava a campainha daquele convento e perguntava ao amigo:
-Posso falar com Ele?
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