terça-feira, 13 de abril de 2010

Cinco amores

Um homem tinha tido cinco amores na vida: o dinheiro, a beleza, a mulher, a fama e as boas acções. Quando estava para morrer, mandou-os chamar para se despedir deles. E disse-lhes: «Meus amigos, eu vou morrer. Adeus».


A beleza disse-lhe: «Já sabias que não era um amor definitivo. Tudo o que é bom acaba, deste modo agora deves resignar-te. Adeus!».


O dinheiro consolou-o, dizendo: «Já sabes que vou estar contigo até ao fim. Terás um enterro solene. E depois acenderei uma grande vela pelo descanso da tua alma».


A sua mulher, chorosa, acariciava-o e dizia-lhe: «Quis-te sempre e sempre te recordarei. Acompanhar-te-ei até ao túmulo. Conservar-te-ei nessa foto e no coração. Prometo que te levarei frequentemente flores».


A fama aproximou-se dele e disse-lhe muito alto para que todos ouvissem: «Alegra-te, poucos morrem com tanta fama. Haverá muita gente no teu enterro. A imprensa e a televisão falarão de ti durante alguns dias».


Por último, aproximaram-se as boas acções e, com muito carinho e serenidade, disseram-lhe: «Nada temas. Alegra-te. Nós não nos despedimos, nem choramos nem fazemos promessas. Nós, para além de consolo, damos-te alegria. Duramos muito mais que a fama. Somos tão eternas como tu. A tua eternidade será feliz graças a nós».

[Afonso Francia]

Sem comentários: