domingo, 28 de fevereiro de 2010

Lá vamos todos a Deus...


Nós não vemos a vida – vemos um instante da vida. Atrás de nós a vida é infinita, adiante de nós a vida é infinita. A primavera está aqui, mas atrás deste ramo em flor houve camadas de primaveras de oiro, imensas primaveras extasiadas, e flores desmedidas por trás desta flor minúscula. O tempo não existe. O que eu chamo a vida é um elo, e o que aí vem um tropel, um sonho desmedido que há-de realizar-se. E nenhum grito é inútil, para que o sonho vivo ande pelo seu pé. A alma que vai desesperada à procura de Deus, que erra no universo, ensanguentada e dorida, a cada grito se aproxima de Deus. Lá vamos todos a Deus…
Toda a vida está por explorar: só conhecemos da vida uma pequena parte – a mais insignificante. E o erro provém de que reduzimos a vida espiritual ao mínimo, e a vida material ao máximo. (...)
Deus é eterno… A alma há-de acabar por se exprimir, Deus, que olha pelos nossos olhos e fala pela nossa boca, há-de acabar por falar claro.
Siga a vida seu curso esplêndido. Sabe a sonho e a ferro. É ternura e desespero. Leva-nos, arrasta-nos, impele-nos, enche-nos de ilusão, dispersa-nos pelos quatro cantos do globo. Amolga-nos. Levanta-nos. Aturde-nos. Ampara-nos. Encharca-nos no mesmo turbilhão. Mas, um momento só que seja, obriga-nos a olhar para o alto, e até ao fim ficamos com os olhos estonteados. Eu creio em Deus.
[Raul Brandão (1867-1930)]

Papa Bento XVI | Portugal 2010

sábado, 27 de fevereiro de 2010

II Domingo da Quaresma

A Quaresma convida-nos a parar,
mas não a estacionar!

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

IV Entrefitas | é já amanhã...



DÚVIDA

“Ele veio a ti para poderes ir a Ele.”
Padre António de Lisboa (1195-1231)

Não duvides, VEM!
SÁB’27 FEVEREIRO - 20h30 - Viana do Castelo
http://carmojovem.blogspot.com

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Diante da Eucaristia | Assombro


Quando me aproximava para comungar e me lembrava daquela Majestade grandíssima que tinha visto e via que era Ele que estava no Santíssimo Sacramento e muitas vezes quer o senhor que O veja na Hóstia, os cabelos se me arrepiavam e dir-se-ia que toda eu me aniquilava.
Ó Senhor meu! Se não encobrísseis assim a Vossa grandeza, quem ousaria chegar a unir tantas vezes uma coisa tão suja e miserável com uma tão grande Majestade?
Bendito sejais, Senhor! Louvem-Vos os anjos e todas as criaturas, pois assim acomodais as coisas à nossa fraqueza, para que, gozando de tão soberanas mercês, não nos espante o Vosso grande poder, a ponto de que nem mesmo nos atrevêssemos a gozá-las, como gente fraca e miserável.

[Santa Teresa de Jesus (Vida 38,19-20)]

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

EIS O TEMPO DE CONVERSÃO

Refrão:
Eis o tempo de conversão,
Eis o dia da salvação:
Ao Pai voltemos, juntos andemos.
Eis o tempo de conversão!


1. Os caminhos do Senhor
São verdade, são amor:
Dirigi os passos meus,
Em vós espero, ó Senhor!
Ele guia ao bom caminho
Quem errou e quer voltar.
Ele é bom, fiel e justo,
Ele busca e vem salvar. (Sl 25)

2. Viverei com o Senhor:
Ele é o meu sustento.
Eu confio, mesmo quando
Minha dor não mais agüento.
Tem valor aos olhos seus
Meus sofrer e meu morrer.
Libertai o vosso servo
E fazei-o reviver! (Sl 116)

3. A Palavra do Senhor
É a luz do meu caminho.
Ela é vida, é alegria:
Vou guardá-la com carinho.
Sua Lei, seu Mandamento
É viver a caridade.
Caminhemos todos juntos,
Construindo a Unidade! (Sl 119)

sábado, 20 de fevereiro de 2010

I Domingo da Quaresma



A Quaresma,
convite a reavivar a nossa esperança!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

VIA SACRA


JOVEM KANIMAMBO,


quem quiser ser apóstolo deve estar
ciente de que no seu caminho encontrará uma cruz!

MARCA NA TUA AGENDA o DIA 7 de MARÇO

VIA SACRA - IGREJA NOSSA SENHORA DO CARMO

CONTAMOS CONTIGO!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Quarta-feira de Cinzas


«Não te contentes
em receber a cinza na cabeça.
Lembra-te que és pó.

Não te contentes
em arrepender-te.
Acredita no Evangelho.

Não te contentes
em converter os outros.
Converte-te.

Não te contentes
em mudar a cor das coisas.
Muda as coisas.

Não te contentes
em ser feliz.
Faz feliz alguém.

Não te contentes
em esperar a Terra Prometida.
Aceita o Reino que já chegou.

Não te contentes
em ler (ouvir) este poema de boas intenções.
Faz o teu de realidades.»

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Orar nos dias de angústia

«Quando Cristo conhece a solidão, a angústia, quase o abandono do Pai, uma palavra brota dos seus lábios: «Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?» (Mt. 27, 46) Não é um abandono total, mas Cristo experimenta o sofrimento e a angústia que moram muitas vezes no coração do homem.
Tal é a psicologia do sofrimento: sentir-se só, pensar que ninguém nos compreende, crer-se abandonado. É por causa desta solidão que o Cristo nos deixou a sua palavra como oração, como religião, como fé no verdadeiro Deus.
Não digamos: Deus não respondeu àquele meu pedido, portanto não rezarei mais. Deus existe e ele existe quanto mais tu estás longe dele; Deus encontra-se ainda mais perto de ti quando tu o crês mais longe e surdo à tua oração…
Possa este grito do Cristo nos ensinar que Deus é sempre nosso Pai, que ele jamais nos abandona e que nós estamos mais perto dele do que julgamos.»
[D. Oscar Romero (1917-1980)]

MIssa de Cinzas no Carmo


Eis o convite:

QUARTA-FEIRA, 17 FEV. 20H30
Missa de Cinzas no Carmo
IGREJA NOSSA SENHORA DO CARMO VIANA DO CASTELO

sábado, 13 de fevereiro de 2010

VI Domingo do Tempo Comum

«A mensagem de Jesus promete sobretudo a alegria, esta alegria exigente; não é verdade que começa pelas bem-aventuranças? «Felizes vós, os pobres, porque vosso é o Reino dos Céus. Felizes vós, os que agora tendes fome porque sereis saciados. Felizes vós, os que agora chorais porque haveis de rir». [Paulo VI]

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

«Quem lê é que escolhe...»


Era uma vez um menino ou uma menina, quem lê é que escolhe, que ia por uma floresta ou uma rua ou um deserto com céus mais que gigantes. Era noite fria lá nesse lugar. Uma noite fria e bonita mas também meio triste, porque tudo é triste se estamos tristes, e as coisas bonitas então são as mais tristes, e o menino ou menina não estava contente. Ia sozinho ou sozinha sem companhia ou coragem para ir assim por ali, na floresta ou na rua ou no deserto dos céus. A noite caindo, um silêncio bem mau, e ele ou ela a tremer. O menino ou menina é mesmo igual a nós. Estrangeiro ou estrangeira, pequeno ou pequena, muito fraco ou fraca e sem nada saber. Vai agora na estrada toda feita de escuro ou chuva ou vento ou talvez tempestades. Ao longe, uma luz. E o menino ou menina sofre um medo terrível. E de repente essa luz afinal é uma casa e de repente essa casa afinal é a nossa e de repente o medo é afinal alegria. Uma alegria-alegria ou qual outra palavra? Quem lê é que escolhe, quem lê é que escolhe.

[Jacinto Lucas Pires (n. 1974)]

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

«...Quanto a ti, vai anunciar o Reino de Deus»



«Deixa que os mortos sepultem os seus mortos.
Quanto a ti, vai anunciar o Reino de Deus» [Lucas 9,60]

O discípulo queria enterrar o seu pai. Não está escrito «Honra teu pai e tua mãe»? O funeral não é a última honra concedida a quem nos pôs no mundo? Dir-se-ia que as palavras ásperas de Jesus chocam pela falta de sensibilidade humana. O profeta de Nazaré anuncia uma mudança radical. O reino de Deus subverte a sociedade e os seus hábitos, mesmo nas suas práticas mais sagradas. Jesus violou o repouso do sábado, que no entanto tinha sido ordenado por Deus. A este discípulo que O quer seguir, exige que renuncie à vida arrumada que levava, que vá ao ponto de desobedecer ao mandamento divino de honrar o seu pai e a sua mãe.
Seremos capazes de seguir Jesus até esse extremo? Porque haveríamos de o fazer, em nome de quem? Proclamar o reino de Deus é criticar o situacionismo, em palavras e em actos. Se Deus deve reinar, é porque aquilo que reina actualmente – a nossa rotina e mesmo as nossas devoções – nos distanciam de Deus e da felicidade que Ele promete, em Jesus.
Aceitar uma palavra dura é consentir na revisão total da nossa vida. Seguir Jesus, é renunciar a uma vida normal, mediana e, de certa maneira, morta. Os mortos enterram os seus mortos. Os discípulos de Jesus anunciam a vida que nos transtorna, que vem de Deus e nos surpreende. A escolha é nossa.

[Rodolfo Felices Luna - Biblista (Universidade de Sherbrooke, Canadá)]

sábado, 6 de fevereiro de 2010

XV Domingo do Tempo Comum


Façamos o que o Mestre nos manda, confiadamente, lancemos as redes… partamos na aventura! Creiamos na força de Amor que nos sustém. Juntos, acalentemos a nossa fragilidade e o muito haveremos de encontrar nos caminhos da Vida!

Os amigos


Esses estranhos que nós amamos
e nos amam
olhamos para eles e são sempre
adolescentes, assustados e sós
sem nenhum sentido prático
sem grande noção da ameaça ou da renúncia
que sobre a luz incide
descuidados e intensos no seu exagero
de temporalidade pura

Um dia acordamos tristes da sua tristeza
pois o fortuito significado dos campos
explica por outras palavras
aquilo que tornava os olhos incomparáveis

Mas a impressão maior é a da alegria
de uma maneira que nem se consegue
e por isso ténue, misteriosa:
talvez seja assim todo o amor

[José Tolentino de Mendonça - De Igual Para Igual]

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Vida consagrada, solidária na esperança.


Decorre de 31 de Janeiro a 7 de Fevereiro,

Semana do Consagrado, com o seguinte lema:


Vida consagrada, solidária na esperança.

Ó Mãe da Igreja

Dirigimo-nos a Vós, ó Mãe da Igreja.
A Vós que, com o vosso «faça-se»,
abristes a porta à presença de Cristo no mundo,
na história e nas almas,
acolhendo, com humilde silêncio e total disponibilidade,
o chamamento do Altíssimo.
Fazei que muitos homens e mulheres saibam perceber, ainda hoje,
a voz convidativa do vosso Filho Jesus: Segue-me!
Fazei que encontrem a coragem para deixar as suas famílias,
as suas ocupações, as suas esperanças terrenas,
e sigam a Cristo, no caminho por Ele traçado.
Estendei a vossa mão materna sobre os missionários,
dispersos por todo o mundo;
sobre os religiosos e as religiosas
que assistem os idosos, os doentes, os deficientes, os órfãos;
sobre os membros dos institutos seculares,
silenciosos fermentos de boas obras;
sobre aqueles que, na clausura, vivem da fé e do amor
e imploram a salvação d mundo. Amen.
[JOÃO PAULO II]

ADORAÇÃO EUCARÍSTICA

[Livres para Amar, Livres para servir]
Entrega total nas mãos de Deus a exemplo de Cristo


«Considera, primeiro, o que te pede Deus,
e Ele te dará, depois, o que pede o teu coração.»

[S. João da Cruz]


Quarta-feira, 3 de Fevereiro às 18H15
Convento do Carmo Viana do Castelo

http://ultimomissionario.blogspot.com/

O ENCONTRO


Ao entardecer, um adulto cansado do seu desassossego interior, de tanto caminhar, resolve entrar numa Igreja. Ao entrar, os seus ouvidos percebem uma música de fundo: “Ave Maria”, de Schubert. A Música e todo o ambiente silencioso convidaram-no a sentar e por momentos ali estar.
Sentou-se diante do Sacrário e permaneceu num diálogo íntimo com Deus… Caminhou em pensamento com Aquele que verdadeiramente o amava e o esperava em cada novo dia. Sente que ali está protegido… Todo o ambiente o tranquiliza, o serena, o faz despertar para o essencial da vida… Nesta íntima união da alma com Deus evoca todos os seus momentos de ausência.
Poucos minutos depois, entra na Igreja uma criança de aproximadamente 6 anos, seus olhos olhavam o tudo, olhavam cada recanto oculto da Igreja, cada imagem silenciada. Parecia que cumprimentava cada uma das imagens como se já as conhecesse a algum tempo. A ternura que emanava do olhar era contagiante, na mão levava um caderno e uns lápis de colorir, por fim sentou-se diante do sacrário, genuflectiu, olhou intimamente para Deus Pai, num olhar que Ele o olhava. Permaneceu em silêncio. Antes de sair, olhou para o adulto que o olhava com admiração e perguntou-lhe: - Porque me olhas? Estás admirado com a minha presença aqui? Não te admires. A este amigo, venho visitar sempre que posso, nunca o deixo só…. Ele necessita da minha, da tua, da companhia de quem ama… Gostas de deixar um amigo sozinho? Eu não. Gosto de vir visita-lo a sua casa. Uma coisa te peço: fica com ele, não o deixes só! Porque quando eu cá não estiver, estarás tu… e ele terá sempre alguém a fazer-lhe companhia. Por fim retirou-se.
O adulto continuou sentado e calado...naquele momento pensou nas palavras do miúdo, na atitude orante de ambos, na inocência daquele acto infantil, na transparência daquela criança e na gratuidade do seu coração, no exemplo de testemunho que lhe tinha passado.
Recordou momentos de procura, e concluiu que tudo lhe estava tão próximo…. Porque se ausentava tanto tempo da sua presença…
Recordou olhares que merecem respeito e sinceridade. Recordou “face a face” as palavras que ecoavam no seu coração… “não o deixes só… não o deixes só.”
O que levaria aquela criança e entrar sozinha numa Igreja e a estar com quem a ama? Não importava naquele momento uma resposta concreta… mas sim a lição de vida que levava consigo naquele dia… pois tantas vezes que a ausência era para si uma constante.
A verdade e o tempo que vivera foram razões que o levaram a uma procura da própria verdade para desalentar um grande vazio interior, vontades de deixar esvanecer as “noites escuras” em prol de uma autenticidade de vida.
Para este adulto abriu-se um caminho que deu início a muitos outros caminhares, e na humildade daquela criança tinha aprendido andar em verdade…

[RJC]