quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

O meu nome é Esperança!


«Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E — ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá (É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...»

[Mário Quintana]

sábado, 27 de dezembro de 2008

Nosso modelo: a Sagrada Família de Nazaré.



«Nesse lugar pensei: Quanto deserto
Atravessei para encontrar aquilo
Que morava entre os homens tão perto.»


[Sofia de Melo Breyner]

sábado, 20 de dezembro de 2008

Presépio kanimambo

Na noite de ontem parecíamos engenheiros, arquitectos, sei lá o que… a tentar consolidar a gruta de Belém. (…direita, esquerda, corta, cola… agrafa… hum… está bem assim?!) Tentávamos delinear a gruta simples e humildes onde nasceu o Senhor Jesus. Recordávamos Belém, o seu significado e todos os projectos esboçados pelo grupo com toda a criatividade… Nas fotos que se seguem podereis ver a obra que nasceu para Ele que ainda lá não se encontra. Ainda não O poderemos contemplar, mas não nos esqueçamos de o fazer! Que o contemplemos no presépio, neste silêncio que nos acolhe. Este menino é exigente. Demos-lhe toda a nossa atenção. Ele nos acolherá e compreenderá. A Sua paciência e humildade abarca todo o Mundo. Deixemo-nos levar, não temamos os seus passos, caminhemos com Ele e tudo se tornará mais fácil! Ele encontra-se a caminho e quer que cada um de nós saía ao Seu encontro.







quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Preparar o presépio!

«Em muitas famílias, seguindo uma bela e consolidada tradição, começa-se a preparar o presépio, quase como para reviver, junto com Maria, esses dias de trepidação que precederam o nascimento de Jesus. Construir o presépio em casa pode reve¬lar-se um modo simples, mas eficaz, de apresentar a fé e transmiti-la aos próprios filhos»
[Papa Bento XVI]



Natal é sinónimo de união, é sinal de um Amor que nos centra numa gruta de Belém e nos convida a olhar para esta ditosa noite com toda a ternura…
A comunidade Carmelita de Viana do Castelo lançou a iniciativa aos grupos existentes na comunidade. A diligência é a de dinamizar a construção de um presépio num lugar dentro do convento.
Cada presépio esta a ser pensado por cada grupo e será construído ao longo do Advento. Ao pensá-lo e ao executá-lo celebraremos o momento em que o Divino Mistério toca toda a humanidade no amor de Maria, silêncio de José, no caminho dos reis magos, no anúncio da estrela, na pobreza...
Não importa se o presépio que estamos a fazer é de papel, plástico, trapos, vidro, lata, papel, se é pequeno ou grande… o que realmente importa é que cada presépio reúne-nos ao redor do que é essencial nesta quadra. O que importa é que ao pensá-lo e ao executá-lo dá-mos lugar ao encontro com Ele, valorizando o essencial da vivência cristã do tempo de Advento e Natal. Reúne-nos para que entremos nesta maravilhosa gruta e alegremente celebremos a vinda deste príncipe da paz que quer fazer morada em nós…
Que continuemos a preparar a sua vinda! Que nos centremos no presépio, num presépio que anuncia um menino que vem até nós para ser presença no meio das nossas vidas em cada novo dia!
O grupo Kanimambo aqui vos deixa alguns momentos alegres da execução do presépio… Ele vem a caminho…








terça-feira, 16 de dezembro de 2008

O caminho da manhã



«Vais pelo caminho que é de terra amarela e quase sem nenhuma sombra. As cigarras cantarão o silêncio de bronze. À tua direita irá primeiro um muro caiado que desenha a curva da estrada. Depois encontrarás figueiras transparentes e enroladas; mas os seus ramos não dão nenhuma sombra. E assim irás sempre em frente com a pesada mão do Sol pousada nos teus ombros, mas conduzida por uma luz levíssima e fresca. Até chegares às muralhas antigas da cidade que estão em ruínas. Passa debaixo da porta e vai pelas pequenas ruas estreitas, direitas e brancas, até encontrares em frente ao mar uma grande praça quadrada e clara que tem no centro uma estátua. Aí deves parar e olhar um instante para o largo pois ali o visível se vê até ao fim. E olha bem o branco, o puro branco, o branco de cal onde a luz cai a direito. Também ali entre a cidade e a água não encontrarás nenhuma sombra; abriga-te por isso no sopro corrido e fresco do mar. Entra no mercado e vira à tua direita e ao terceiro homem que encontrares em frente da terceira banca de pedra compra peixes. Os peixes são azuis e brilhantes e escuros como malhas pretas. E o homem há-de pedir-te que vejas como as suas guelras são encarnadas e que vejas bem como o seu azul é profundo e como eles cheiram realmente, realmente a mar. Depois verás peixes pretos e vermelhos e cor-de-rosa e cor de prata. E verás os polvos cor de pedra e as conchas, os búzios e as espadas do mar. E a luz se tornará líquida e o próprio ar salgado e um caranguejo irá correndo sobre uma mesa de pedra. À tua direita então verás uma escada: sobe depressa mas sem tocar no velho cego que desce devagar. E ao cimo da escada está uma mulher de meia-idade com rugas finas e leves na cara. E tem ao pescoço uma medalha de ouro com o retrato do filho que morreu. Pede-lhe que te dê um ramo de louro, um ramo de orégãos, um ramo de salsa e um ramo de hortelã. Mais adiante compra figos pretos; mas os figos não são pretos mas azuis e dentro são cor-de-rosa e de todos eles corre uma lágrima de mel. Depois vai de vendedor em vendedor e enche os teus cestos de frutos, hortaliças, ervas, orvalhos e limões. Depois desce a escada, sai do mercado e caminha para o centro da cidade. Agora aí verás que ao longo das paredes nasceu uma serpente de sombra azul, estreita e comprida. Caminha rente às casas. Num dos teus ombros pousará a mão da sombra, no outro a mão do Sol. Caminha até encontrares uma igreja alta e quadrada.
Lá dentro ficarás ajoelhada na penumbra olhando o branco das paredes e o brilho azul dos azulejos. Aí escutarás o silêncio. Aí se levantará como um canto o teu amor pelas coisas visíveis que é a tua oração em frente do grande Deus invisível.»

[Sophia de Mello Breyner]

domingo, 14 de dezembro de 2008

Cântico Espiritual - São João da Cruz



SÃO JOÃO DA CRUZ
Nasceu em Fontiveros, perto de Ávila, Espanha.

Foi em Medina del Campo, no ano de 1567, que a Madre Teresa de Jesus o conheceu e ficou prendada das suas qualidades e santidade. Na sequência convida-o para primeiro Carmelita Descalço e fundador entre os frades do novo estilo de vida que ela mesma havia iniciado entre as freiras.

No dia 28 de Novembro de 1568, primeiro domingo do Advento, deu-se início oficialmente à nossa Ordem.

As rivalidades levaram-no à prisão, durante nove meses, de Dezembro a Agosto. Frei João esteve preso no cárcere conventual de Toledo, quase morrendo de frio no Inverno, quase asfixiando de calor no Verão. Foge na noite de 16 de Agosto, porque não lhe deixaram celebrar Missa de Nossa Senhora.

No dia 7 de Dezembro soube que morreria a 14, por ser Sábado, dia de Nossa Senhora. À meia-noite, ouvindo o sino, exclama: "Vou cantar Matinas para o Céu" e adormeceu, dizendo: "Nas Tuas mãos Senhor entrego o meu espírito".

Era o dia 14 de Dezembro de 1591, Sábado.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Os filhos da avareza



Quem toma a dianteira dá o exemplo.

«Era uma vez uma tribo berbere que vivia na montanha. Chamava-se Beni Shahih, que significa «Filhos da Avareza». De facto, todos os membros da tribo eram conhecidos pela sua sovinice. Os viajantes que iam repousar àquela aldeia sabiam de antemão que recebiam apenas uma malga de leite misturado com água.
Um dia, um jovem daquela tribo, cansado da tradição cultural do seu povo, propôs-se libertar a aldeia da fama da avareza. Reflectiu longamente e teve uma ideia.
No dia de mercado, colocou-se no centro da praça. Dirigiu-se, em alta voz, a todos os presentes com estas palavras: «É vergonhoso que todos nos considerem forretas. Temos de mudar e dar aos de fora uma prova de generosidade e de hospitalidade.»
As suas palavras agradaram aos ouvintes e todos lhe perguntaram o que deviam fazer.
O jovem disse:
– Cada um de nós, amanhã de manhã, trará um litro de leite. Encheremos a cisterna. Assim, cada viajante que passar por aqui poderá alimentar-se bem, em vez de beber apenas água.
A notícia circulou de casa em casa e cada qual tratou de exceder a generosidade dos outros. Encheram vasilhas de dois litros. Mas, sem dizer nada a ninguém, cada um encheu as vasilhas com água e não com leite, como tinham combinado, porque pensaram: «Numa cisterna cheia de leite, ninguém notará que coloquei água.»
Na manhã seguinte, toda a aldeia estava junto da cisterna, que continuava seca, pois ninguém queria ser o primeiro a deitar o líquido.
Um homem mais ousado, insinuou:
– Desconfio que as vossas vasilhas estão cheias de água.
Os outros replicaram:
– E nós suspeitamos que também o teu só tem água.
Todos começaram a rir. Perceberam como é difícil mudar o carácter de um povo quando não seguem os passos de quem ousou inovar».

[Fábula árabe]

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Solenidade da Imaculada Conceição



“Porque Te amo, oh Maria”

« Oh! Quisera cantar, Maria, por que te amo
Porque é que o teu nome tão doce me faz vibrar o coração
E porque o pensamento da tua grandeza suprema
Não poderia inspirar à minha alma o sentimento do temor.
Se eu te contemplasse na tua sublime glória
E mais brilhante do que todos os bem-aventurados,
Não poderia acreditar que sou tua filha
Ó Maria, diante de ti, eu baixava os olhos!...”

“ Já que o Rei dos Céus quis que a sua Mãe
Mergulhasse na noite, na angustia do coração,
Maria, é então um bem sofrer na terra?
Sim, sofrer amando, é a felicidade mais pura!...
Tudo o que Ele me deu Jesus pode tomá-lo
Diz-lhe que nunca se constranja comigo…
Ele pode esconder-se, eu consinto em esperá-l´O
Até ao dia sem acaso em que se extinguirá a minha fé…”

“Amas-nos, Maria, como Jesus nos ama
E consentes por nós em afastar-te d´Ele.
Amar é tudo dar e dar-se a si mesmo
Quisestes demonstrá-lo ficando connosco.
O Salvador conhecia a tua ternura imensa
Sabia os segredos do teu coração maternal
Refugio dos pecadores, é a ti que Ele nos deixa
Quando abandona a Cruz para nos esperar no Céu”.

[Santa Teresa do Menino Jesus (Estrofes 1, 16, 22)]

sábado, 6 de dezembro de 2008

V i n d e



«Verdadeiramente,
acreditamos que Deus,
está todos os dias,
no meio de nós.

Lá onde todos os homens resistem
Aos ataques da intolerância;
Lá onde eles levam a luz
Onde existem as densas trevas circundantes;
Lá onde eles despertam à sua volta
Um desejo de reconciliação e de amizade.

Mas como poderemos deixá-lo assim
nos nossos caminhos
sem ir ao seu encontro?


E como poderá ele seguir o seu caminho
e vir até junto de nós
se nos mantemos surdos ao seu grito:

«Vinde, também vós,
seguir os meus passos...»

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

ENTRAI EM ADVENTO!


Entrai
em Advento…
Entrai
num tempo em que Deus
vem ao nosso encontro.
Entrai
num tempo onde Deus
nos enche de alegria e paz
para que possamos discernir
os sinais da Sua presença.
Entrai
num tempo onde o amor
é mais forte.
Entrai
num tempo onde a humanidade
se reconcilia com Deus.
Entrai
num tempo de encontro com Aquele
que veio habitar no meio de nós.
Entrai
em Advento…

E que o Deus da unidade e da paz
nos congregue com todo o seu povo
na terra.
E através das nossas atitudes,
das nossas palavras
o Mundo (re)conheça o Seu
verdadeiro e eterno
Amor.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Dia da Fundação da Ordem do Carmo Descalço



Leitura do Livro das fundações escrito por Santa Teresa de Jesus

«Saímos de manhã para Duruelo, mas como não sabíamos o caminho perdemo-nos. E, sendo o lugar pouco conhecido, ninguém sabia dar indicações precisas.
Quando entrámos na casa, estava de tal maneira que não nos atrevemos a ficar ali naquela noite. Tinha um portal razoável, uma sala, um sótão e uma pequena cozinha. Pensei que do portal se podia fazer uma igreja, o sótão servir bem para o coro e a sala para dormir.
As minhas companheiras diziam-me: «Madre, não há com certeza, homem, por santo que seja, que resista a viver nesta casa».
Mas Frei João da Cruz concordava com a pobreza da casa para convento. Combinámos, pois, que o padre Frei João da Cruz fosse acomodar a casa para poderem entrar. Tardou pouco o arranjo da casa, porque ainda que se quisesse fazer muito, não havia dinheiro.
No primeiro Domingo do Advento deste ano de 1568 celebrou-se a primeira Missa naquele pequeno portal de Belém. Chamo-lhe assim, porque não creio que fosse melhor do que o presépio.
Os quartos tinham feno por cama, porque o lugar era muito frio, e, pedras por cabeceira. Muitas vezes depois de rezarem levavam muita neve nos hábitos que neles caíam pelos buracos do telhado.
Iam pregar a muitos lugares próximos dali, o que me deixou muito contente. Iam descalços e com muita neve e frio; porque no princípio, não usavam calçado, como mais tarde lhes mandaram.
Em tão pouco tempo, alcançaram tanta estima das pessoas, nunca lhes faltava alimentos, pois traziam-lhes mais do que o necessário. Isto foi para mim grande consolo, quando o soube. Praza ao Senhor fazê-los perseverar no caminho que agora começaram».

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Não somos chamados a conseguir, mas a ser fiéis.


«Tive sempre o Senhor diante dos meus olhos porque ele está sempre à minha direita, de modo que não posso escorregar. Porque se há uma coisa que Jesus me pede é que me apoie n’Ele, confie apenas n’Ele, que me abandone a Ele sem recerva… não devemos tentar controlar as acções de Deus. Não devemos tentar contar as etapas da viagem que Ele quer que empreendamos.
Mesmo que me sinta um barco à deriva, devo dar-me inteiramente a Ele.
Quando te parecer difícil, lembra-te que não somos chamados a conseguir, mas a ser fiéis. A fidelidade é importante mesmo nas pequenas coisas, não pela coisa em si, o que seria preocupação de um espírito tacanho, mas pela grande coisa que é a vontade de Deus. Santo Agostinho disse: “As pequenas coisas premanecem pequenas, mas ser fiel nas coissas pequenas é uma grande coisa. Não é o mesmo Senhor que está presente tanto nas pequenas coisas como nas grandes?"»
[Madre Teresa de Calcutá]

sábado, 22 de novembro de 2008

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Estou de passagem!


«Um turista perguntou um dia a um monge nómada do deserto:
-Como consegue viver sem ter casa, só com esta mochila às costas?
- E tu? – Retorquiu o monge – Vejo que também só tens uma mala e o carro não é teu…
-Bem – disse o turista – mas eu estou só de passagem!
- Pois é – respondeu o monge – eu também!»

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Hoje, apenas hoje, não terei qualquer medo



Procurarei viver pensando apenas no dia de hoje, sem querer resolver de uma só vez todos os problemas da minha vida. Hoje, apenas hoje, terei o máximo cuidado na minha convivência: afável nas minhas maneiras, a ninguém criticarei, nem pretenderei melhorar, nem corrigir ninguém à força se não a mim mesmo. Hoje, apenas hoje, serei feliz na certeza de que fui criado para a felicidade, não só no outro mundo mas também já neste. Hoje, apenas hoje, adaptar-me-ei às circunstâncias sem pretender que sejam todas as circunstâncias a adaptarem-se aos meus desejos. Hoje, apenas hoje, dedicarei dez minutos do meu tempo a uma boa leitura. Assim como o alimento é necessário para a vida do corpo, assim a boa leitura é necessária para a vida do espírito. Hoje, apenas hoje, farei ao menos uma coisa que me custa fazer; e se me sentir ofendido nos meus sentimentos, procurarei que ninguém o saiba. Hoje, apenas hoje, farei uma boa acção, e não o direi a ninguém. Hoje, apenas hoje, executarei um programa pormenorizado. Talvez não o cumpra perfeitamente, mas ao menos escrevê-lo-ei. E fugirei de dois males: a pressa e a indecisão. Hoje, apenas hoje, acreditarei firmemente - embora as circunstâncias mostrem o contrário - que Deus se ocupa de mim como se não existisse mais ninguém no mundo. Hoje, apenas hoje, não terei qualquer medo. De modo especial não terei medo de apreciar o que é belo e de crer na bondade.

[João XXIII]

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O Mestre e o discípulo


«O Mestre e o discípulo caminhavam em direcção ao rio. Fazia muito calor. E quando chegaram ao rio, o Mestre disse ao discípulo:
-Tira a túnica e entra na água. Depois leva os braços até ao fundo do rio e apanha uma pedra. Em seguida vem ter comigo. O discípulo fez como o Mestre ordenou ao sair da água trazia nas mãos um grande seixo arredondado. O Mestre pegou na pedra, observou-a cuidadosamente e entregou-a de novo ao discípulo, dizendo-lhe:
-Agora deverás partir esta pedra ao meio:
O discípulo assim fez entregando-lhe os dois pedaços:
-Aqui tens a pedra partida, Mestre. E agora que é preciso fazer mais?
Disse então o Mestre?
-Vês este seixo partido ao meio? Muita água passou por cima dele durante anos e anos, talvez séculos. Lavaram-no, poliram-no. Apesar disso, a água não penetrou nele. Repara bem: tem o coração seco, um coração de pedra.
O discípulo aprendeu a lição e ambos voltaram para casa».


Será o nosso coração de pedra? Não deixemos adormecer o nosso coração. Que sejamos esponjas para que possamos absorver Água Viva.

domingo, 16 de novembro de 2008

É urgente anunciar o evangelho a todos os povos.


« É urgente anunciar o evangelho a todos os povos. Aos 5 biliões e 700 milhões de habitantes do mundo, dos quais, dois terços, ou seja 3 biliões e 700 milhões, ainda não conhecem ou ainda não reconhecem Jesus Cristo em termos de fé. O numero total dos católicos é cerca de 18 % da população mundial, e o de todos os cristãos é pouco mais do que 30%. Na África, apenas 14 % dos seus habitantes são católicos. No imenso continente asiático, com 60% da população mundial, apenas 2,6% dos seus habitantes são católicos, e em alguns países é menos do que 0,5%. Na Oceânia e na América Latina existem ainda muitos não cristãos, enquanto que na América do Norte e na Europa continua a crescer o número dos não cristãos e aumentam os desafios da nova evangelização. Perante as exigências crescentes da missão, torna-se necessário trabalhar com entusiasmo, com zelo renovado e com dinamismo crescente, para acordar a consciência missionária de todos os baptizados, motivando-os para as seguintes finalidades: Cooperação espiritual, ajuda material e promoção das vocações missionárias. É urgente acordar as consciências, erradicar a indiferença e dinamizar o espírito missionário».

[Cardeal Josef Tomko]

sábado, 15 de novembro de 2008

15 de Novembro | Comemoração de todos os defuntos da ordem do Carmo


Chama viva de amor

Oh, chama viva de amor
que ternamente feres
a minha alma no mais profundo centro!
Pois nao sendo esquiva,
acaba já se queres!
Rasga a tela deste doce encontro!
...
Quão manso e amoroso,
acordas em meu seio,
onde em segredo tu sozinho moras!
E nesse aspirar gostoso,
de bem e glória cheio,
quão delicadamente me enamoras!
(São João da Cruz)

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Jovens, não tenhais medo de ser santos!


Nome: Emília Machado
Localidade: São João da Madeira


1- Sois missionárias? O vosso coração missionário é grande? Grande como?

Sim claro… Apesar do coração humano ser pequenino, o amor que ele gera unida ao coração do Pai é grande. Espero dar este amor a conhecer a todos os que se cruzarem comigo.

2- O que é para cada uma de vós ser missionária?
É estar disponível para partir, para poder estar ao lado do que sofre.

3- Como nasceu em vós o desejo de ir para a Missão de S. Roque?
Foi através dum convite de um missionário leigo que se encontra a fazer a preparação do Diaconado Permanente, o Valentim, carmelita secular, casado e pai de três filhos. No dia 13 de Outubro ía dar catequese e o Valentim pergunta-me: «Olhe precisamos com urgência de ajudar a missão de S. Roque, enviando missionários para lá. Respondi: é para já, para logo, ou para amanhã? Ficou estático, agarrou-se ao balcão e perguntou-me: Esta a falar a verdade? – Sim estou. Segui o meu caminho até à sala da catequese. No dia seguinte diz-me: Olhe sempre é verdade que quer dar a sua ajuda na missão de São Roque? Sim, é verdade. Por isso eis-me aqui! Obrigada Valentim.

4- O que vos move ir para terras de Missão?
Eu diria que é quase uma necessidade de estar com aqueles que nada tem e precisam de ser ouvidos, para que sejamos a voz de quem não tem voz.

5- Qual vai ser o vosso trabalho na Missão de S. Roque?Tanto quanto sei é dar continuidade ao trabalho desenvolvido à Missão. Ajudar quer na presença física quer na ajuda monetária, social, moral…

6- Uma vez que a Emília já esteve em terras de Missão, quais as dificuldades que enfrentam os missionários em terras de Missão?
Oh! São imensas… disponibilidade das pessoas para trabalhar, enfrentar as necessidades daquele povo que nada tem, ter que gerir as muitas injustiças sociais que sofrem sem poderem e não saberem a quem se devem queixar. O missionário sofre, sofre muito quando não consegue ajudar tanto quanto gostaria. O seu trabalho é uma gota perdida no imenso oceano da corrupção, da mentira e da desigualdade!

7- Que palavras deixam aos jovens kanimambo?Deixo-vos uma pequena carta…
Queridos Jovens Kanimambos, foi com grande alegria, que nos encontramos no passado dia 10 de Novembro pelas 21H no Espaço E, do Convento do Carmo em Viana do Castelo.
Ao ver o grupo que sois, alegres, simples acreditai que vos acolhi em mim. Gostei muito de todos vós, sois realmente um grupo de jovens missionários com letra maiúscula. Gostei muito, quando um de vós após a oração da capela, veio abraçar-me e segredou-me com todo o carinho: felicidades, podia ser minha avo!.. Sorri… os olhos do Jovem brilhavam de felicidade. Respondi-lhe: vou preparar o terreno para tu mais tarde dares continuidade…
Termino com uma frase de João Paulo II num dos encontros Mundiais da Juventude:
«Jovens, sede Jovens. Jovens, sede bons!» E eu acrescentaria… Jovens não tenhais medo de ser Santos!
Beijinhos da titi Milinha

Estou disposta a tudo!


Nome: Laura Vaz
Localidade: Aveiro

1- Sois missionárias? O vosso coração missionário é grande? Grande como?
Pertenço ao grupo “ITE”, leigos Missionários Carmelitas Descalços do Convento do Carmo de Aveiro. Com eles fiz caminhada e tento ser missionária. Todos somos missionários. Eu ainda tenho um longo caminho pela frente. O meu coração missionário é do tamanho de qualquer humano, contudo tem uma particularidade que é a vontade de amar e servir! A vontade de amar e servir é muita e espero que com a oração pessoal e unida a todos vós seja um pouco mais fácil vencer as adversidades que surgirem. Tenho consciência das minhas limitações, de que por vezes o caminho é difícil, mas aprendi no escutismo que impossível nada é de modo que quero dar um pontapé ao IM e tornar tudo possível. Estou expectante mas com um coração aberto e para amar. Estou com uma vontade enorme de partir.

2- O que é para cada uma de vós ser missionária?«É dar-me sem medida, é combater sem cuidar das feridas…» como diz uma oração escutista. No que depender de mim, no que me for pedido, no que for o meu trabalho de cada dia. Com ajuda de Deus nosso Pai, meu maior amigo e com a ajuda de todos irei vencer as dificuldades.

3- Como nasceu em vós o desejo de ir para a Missão de S. Roque?
O desejo de partir em Missão é antigo. Desde muito nova foi crescendo em mim esta vontade. Não a consegui concretizar por vários motivos. Tive dois filhos, a minha missão durante muitos anos foi outra. Em primeiro lugar tive que colocar a minha familia em primeiro lugar. Hoje os meus filhos, o Hugo de 30 anos e o André de 26 anos, caminham por eles… eles são o meu orgulho. Sou de facto uma mãe feliz. Os meus filhos apoiam esta iniciativa, o que prova o amor que tem por mim e isto manifesta-se na preocupação da minha ida. E eu com eles me uno. Chegou a minha vez de ajudar outros a serem Homens, como hoje são os meus filhos. Nada é nosso. A obrigação dos pais é capacita-los para a vida. Eis a minha missão.

4- O que vos move ir para terras de Missão?
Ajudar outros, ajudar as crianças da missão a crescerem. A serem homens e mulheres com letra grande. E isto só se consegue depositando amor em tudo o que fazemos. É dar colo e receber este colo. É ser mama.

5- Qual vai ser o vosso trabalho na Missão de S. Roque?
Ensinar e aprender. Estou disposta a tudo, a cozer botões, fazer bainhas, remendos, bordar, costurar, ajudar nas tarefas de casa, nos trabalhos escolares, na agricultura…

6- Que palavras deixam aos jovens kanimambo?
Desejo que a vossa vontade de ser missionários cresça cada vez mais. Não é «dando que se recebe?» que continueis a amar e que os vossos corações semeiem o amor que trazeis. Que vos continueis a reunir como jovens missionários, como ontem vos vi. Não desistais de caminhar. Ontem fiquei emocionadíssima com o acolhimento, com a partilha, com a forma como tudo estava preparado. Obrigada. Foi lindo… lindo… Kanimambos um abraço como o de ontem vos deixo… vossa amiga que vos leva no coração, Laura Vaz.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Espaço E, espaço de Encontro!

No noite do dia 10 de Novembro, reunimo-nos no Espaço E. Éramos 12. Assumimos com entusiasmo a proposta que nos foi lançada. Reunimo-nos para receber as missionárias, Laura (Aveiro) e Maria Emília (São João da Madeira) que no próximo mês de Dezembro partem para a Missão de São Roque - Moçambique. O encontro foi pautado por momentos de reflexão, partilha de experiências e oração. Terminamos entre sorrisos, abraços, palavras e recordações… Interiorizamos em nós a certeza de que Deus desafia-nos: «Marcai tudo com o selo do amor»!

Aqui vos cedemos as fotografias de ontem, as imagens segredam o que se passou…

Oração MIssionária | 10 de Novembro de 2008

Aqui estou ao pé do canhão!


Enviada: segunda-feira, 10 de Novembro de 2008 18:08
Para: viana@carmelitas.pt
Assunto: Para o João desde Tanzânia

Querido João:
De novo na Tanzânia e ainda com a recordação recente dos dias passados em Viana, quero, esta tarde, fazer-me presente no Carmo e falar um pouco contigo.
Como estás?
A minha viagem de regresso correu bem, embora com alguma confusão no Dubai que ao final terminou bem.
Agora é tempo de trabalhar e aqui estou ao pé do canhão. Como tenho um grupo grande de noviças tenho o tempo sempre ocupado, é importante nesta etapa acompanhá-las regularmente e nisso sou bastante rigorosa; quero dizer no tempo que devo dedicar ao acompanhamento pessoal. Esta semana estão a participar num curso de formação e deixam-me um pouco mais livre, o que muito agradeço.
Abri o blog e vi as fotografias do dia 19 de Outubro. Obrigada por tantas atenções, amizade e suporte que recebi de ti e da tua comunidade. Isso é tão importante na vida de um missionário! Saber que temos gente que se interessa pelo nosso trabalho e que nos acompanha com o apoio moral, espiritual e económico. É um pequeno balão de oxigénio que ajuda a renovar o entusiasmo que temos de pôr em tudo o que fazemos.
Também tenho ido ao orfanato de que te falei. Esse é outro balão de oxigénio para mim: com aqueles miúdos não há lugar para desânimos ou tristezas, sinto-me uma avó feliz quando estou com eles!
Queria dizer-te que hoje me lembrei de ti, quando me explicaste o sentido de abençoar alguém. Esta manhã veio o coadjutor da paróquia dizer-me que ia de férias mas que não queria ir sem a minha bênção e lá tive de rezar e abençoá-lo porque senão o homem não ia feliz. Parece que tens razão quando dizes que isso das bênçãos é importante.
Bem, deixo-te por hoje. Que Deus te abençoe também.
Um grande abraço e sempre a minha oração e amizade.
Cidália

domingo, 9 de novembro de 2008

«Quantas pessoas eu amo?»


«Impressiona-me verificar que a maioria das pessoas digam esta frase: “Sinto-me sozinho porque ninguém me ama.” A todos costumo responder com o mesmo diagnóstico. Se na solidão perguntar: quantos me amam? provavelmente nunca conseguirá sair dela. Mas, se perguntar: quantas pessoas eu amo? A experiência da solidão desaparece. Amar as pessoas, em vez da angustia e da lamentação. E, embora pareça mentira, o coração não se enche quando se é querido, mas quando se tem muito amor para dar. Os grandes homens que amaram a Humanidade tiveram tantas pessoas para amar e ajudar que nem tiveram tempo de se sentirem sós».

[José Luís Martin Descalzo]

sábado, 8 de novembro de 2008

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Deus interpela à Missão


«A missão não é, pois, algo que acresce ao ser do cristão. A missão é constitutiva do ser do cristão. A Tarefa da evangelização e da construção da comunidade não é, pois, algo que acresce ao nosso ser, é a concretização e a realização daquilo que verdadeiramente somos.
A história humana tem de ser construída. Todos têm de colaborar. Deus também quer estar presente por isso interpela à missão. Não se trata de construir a história de Deus. Ele não precisa de ajuda para isso. Trata-se de construir a história humana. Nós precisamos de ajuda. Deus quer construí-la connosco, daí a missão/evangelização (anúncio e concretização do Reino de Deus). para isso, torna-se necessário ser bons conhecedores da humanidade e da sua história para continuar hoje a concretizar o Mistério da Encarnação. Trata-se de uma Igreja não mundana, mas para o mundo e no mundo. Ela não está no mundo à maneira de quem o sofre e suporta, mas à maneira de quem o serve e salva. Não tenhamos dúvidas a vinha onde se realiza a missão é o mundo (e não a Igreja).
E neste mundo, é a Igreja toda que é missionária/evangelizadora (não só uma parte dos seus membros são missionários/evangelizadores). Ela tem a sua origem na Missão que o Pai concretiza através do Filho na força do Espírito Santo. A sua missão é a própria missão de Jesus Cristo. Para a Igreja não existe outra. E mesmo quando se reveste de vários contornos, conforme a época da história que nos é dado viver, sempre continua a ser da missão de Jesus Cristo que se trata. Quando assim não foi, ou quando assim não é algo está errado. Só enraizados nessa cepa poderemos ser vimes a frutificar.»

[Juan Francisco Garcia Ambrosio]

Olhar nos olhos!


«Certo dia, um jovem fugitivo, que tentava esconder-se do inimigo, entrou numa pequena aldeia. As pessoas foram amáveis para com ele e ofereceram-lhe um lugar para descansar. Mas quando os soldados que procuravam o fugitivo perguntaram onde é que estava o fugitivo, todos ficaram cheios de medo. Os soldados ameaçaram queimar a aldeia e matar todos os homens da aldeia a não ser que o jovem lhes fosse entregue antes do dia despontar. As pessoas foram ter com o ministro da igreja e perguntaram-lhe o que fazer. O ministro, dividido entre entregar o rapaz ao inimigo ou deixar matar o seu povo, retirou-se para o seu quarto e leu a Bíblia, na esperança de encontrar uma resposta antes do nascer do dia. Depois de muitas horas, já de manhãzinha, os seus olhos depararam com as seguintes palavras: «É melhor que morra um só homem do que se perca todo um povo.» Então o ministro fechou a Bíblia, chamou os soldados e disse-lhes onde estava escondido o rapaz. E depois dos soldados terem levado o rapaz para o matarem, houve uma festa na aldeia porque o ministro tinha salvado a vida do povo. Mas o ministro não tomou parte da celebração. Atormentado por uma tristeza profunda, manteve-se fechado no seu quarto. Naquela noite um Anjo veio ao seu encontro e perguntou:
- Que fizeste?
Ele respondeu:
- Entreguei o fugitivo ao inimigo - ao que o Anjo retorquiu:
- Mas não vês que entregaste o Messias?
- Como é que eu podia saber? - Retorquiu o ministro ansiosamente.
O Anjo respondeu:
- Se tivesses visitado aquele jovem uma só vez e olhado nos olhos dele, terias sabido.»

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Sejamos luz



«Para narrar de novo a verdade quanto silêncio interior não requer? Abrir-se ao outro quanta escuta não precisa, quanta firmeza interior e solidez de convicções não exige? Recuperar a utopia com radicalidade nasce de um guardar no coração os desígnios de Deus, encontrar palavras e vida para lhes dar todo o ser, união profunda com o Senhor da vida e do universo.
Que todos nos convençamos que a Europa se revitaliza se os cristãos se comprometerem em cheio na missão. Em todas as circunstâncias, quem vive de Deus atrai outros para a fé. Se reflectirmos nas atitudes quotidianas o anúncio do Evangelho irradiaremos amor, esperança, alegria. Ser fermento e transformar por dentro a cultura é tarefa dos amantes de Deus.»

[Carlos A. Moreira Azevedo]

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

CONFIA em MIM!



«Quero que saibas que cada vez que me convidas, eu venho sempre, sem falta. Venho em silêncio e de forma invisível, mas com um poder e um amor que não acabam.
Não há nada na tua vida que não tenha importância para mim. Sei o que existe no teu coração, conheço a tua solidão e todas as tuas feridas, as tuas rejeições e humilhações. Eu suportei tudo isto por causa de ti, para que pudesses partilhar a minha força e a minha vitória. Conheço, sobretudo, a tua necessidade de amor.
Nunca duvides da minha misericórdia, do meu desejo de te perdoar, do meu desejo de te bendizer e viver a minha vida em ti, e que te aceito sem me importar com o que tenhas feito. Se te sentes com pouco valor aos olhos do mundo, não importa.
Não há ninguém que me interesse mais no mundo do que tu.
Confia em mim. Pede-me todos os dias que entre e que me encarregue da tua vida e eu o farei. A única coisa que te peço é que confies plenamente em mim. Eu farei o resto.
Tudo o que procuraste fora de mim só te deixou ainda mais vazio. Portanto, não te prendas às coisas passageiras. Mas, sobretudo, não te afastes de mim quando caíres. Vem a mim sem demora, porque quando me dás os teus pecados, dás-me a alegria de ser o teu Salvador. Não há nada que eu não possa perdoar.
Não importa o quanto tenhas andado sem rumo, não importa quantas vezes te esqueceste de mim, não importa quantas cruzes levas na tua vida.
Tu já experimentaste muitas coisas, no teu desejo de seres feliz. Porque é que não experimentas abrir-me o teu coração, agora mesmo, mais do que antes?»

[Madre Teresa de Calcutá]

domingo, 2 de novembro de 2008

Entrega é a palavra chave da missão



«Entrega é a palavra chave da missão; e a comunidade que é congregada pela entrega de Cristo é inserida no próprio dinamismo do Filho de Deus enviado ao mundo para reconduzir os homens à vida divina.»

[Doutora Maria Manuela de Carvalho – UCP Lisboa]

sábado, 1 de novembro de 2008

Para ser grande, sê inteiro



Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

[Ricardo Reis]

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

AMOR

Deus sintetiza-se numa palavra: Amor. Porque ama, tem ternura paterna e materna, dá vida plena e abundante, não deixará que os seus amigos sejam destruídos pelo mal e pela morte. Esta realidade, se é para nós uma boa notícia, é também um empenho. Compromete-nos a sermos reveladores do amor de Deus aos nossos irmãos.



«Um dia, a Margarida passeava como de costume pela floresta e viu uma borboleta presa numas silvas. Com todo o cuidado, para não estragar as suas lindas asas, libertou-a. A borboleta voou imediatamente. Mas, antes de partir para longe, quis agradecer este gesto de amor. E disse à Margarida:
- Para te agradecer, irei realizar o teu maior desejo. Diz-me: qual é?
Margarida pensou um instante e depois respondeu:
- O meu maior desejo é ser feliz.
Então a borboleta aproximou-se dela e murmurou-lhe qualquer coisa ao ouvido. Depois desapareceu.
Margarida cresceu, tornou-se adulta. E ninguém na sua terra era tão feliz como ela. Quando os vizinhos lhe perguntavam pelo segredo da sua felicidade, limitava-se a sorrir e dizia:
- Segui o conselho de uma borboleta!...
Os anos passaram. Quando já velhinha, os netos disseram-lhe:
- Avó, revela-nos esse segredo. Que te disse a borboleta?
E foi então que a sorridente Margarida, já de rosto enrugado, lhes disse:
- Ela disse-me que, para viver feliz, precisava primeiro de tornar os outros felizes. Disse-me que os outros precisavam de mim!»

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

terça-feira, 28 de outubro de 2008

É a fome que pede o pão.



«Três companheiros aventuraram-se ao deserto, sem saber lá muito bem os que o esperava por esses areais. Depois de percorrer horizontes sem fim e canículas que só o deserto podia cozinhar, as provisões chegaram ao fim e os três aventureiros não sabiam o que fazer à vida. restava-lhes apenas uma pequena provisão, que, era evidente, não chegava para os três. Quando muito daria para ajudar um a subsistir e levar a cabo a travessia. O problema agora era escolher o sobrevivente, já que isso implicava a morte dos outros dois. È claro que cada um advogava a sua própria causa, por motivos, cada qual o mais convincente, mas por aí nunca se chegaria a um acordo.
Resolveram então esperar pela noite e conforme o sonho que cada um tivesse para resolver esta situação, assim se decidiria.
Seu dito, seu feito. Ao outro dia, ainda o sol se espreguiçava nesses orientes de Seca e Meca e já os três estavam com as cartas em cima da mesa. Para contar o sonho que os salvaria da morte anunciada.
O primeiro sonhou que, ali mesmo, em pleno deserto, encontrara um velho beduíno, homem de rara sabedoria e de sentença certeira, que, depois de ouvir o seu caso, fora peremptório: ele mesmo deveria comer o farnel, pois que era um homem bom e edificante como já se não via e o nosso mundo tem falta desses homens que, mais que pelas obras, falam por aquilo que são.
O segundo, no seu sonho viu um anjo que o confortava e o convenceu que o sobrevivente devia ser ele. Homem serviçal como ele, sempre pronto a abrir a bolsa ao primeiro que estendesse a mão, fazia falta a este mundo tão povoado de egoístas e desaforos que só imagina quem anda por cá.
O terceiro tinha ares de um pouco comprometido. De admirar nele que encontrava sempre a solução justa para qualquer imprevisto que aparecesse. Despachado como era, não esteve com meias medidas e foi direito ao assunto. Não tivera sonho nenhum, ninguém lhe apareceu, por mais que velasse e matutasse. Mas confessou que sentiu dentro de si uma fome tamanha que foi ao farnel e comeu, sem tempo nem disposição para pensar em mais nada».
[In Sereis minhas testemunhas, Adélio Torres Neiva]


Os caminhos que percorremos estão abertos e, na entrada destes caminho talvez não nos tenhamos apercebido do seguinte dístico: Decide e arrisca! Nestes caminhos que traçamos há momentos para parar, para reflectir, para estarmos a sós e em grupo, mas acima de tudo há momentos para decidir e arriscar! «Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação» (1Tes 4,3). Qual será a tua resposta ao apelo de Deus?