sábado, 11 de outubro de 2008

Missionários derramam o seu sangue a favor do Evangelho



«Era uma vez uma grande lagoa. Nela viviam peixes grandes, peixes médios e peixes pequenos. Havia muita fartura e alimentos para todos.
Mas, apesar disso, os peixes grandes nunca ficavam satisfeitos e, para completar suas refeições, comiam frequentemente os peixes pequenos. Também os peixes médios, talvez para se fazer de grandes, faziam a mesma coisa. E os peixes viviam no medo e na insegurança.
A situação para eles era muito precária, muito triste.
Havia porém um peixinho diferente. Ele procurava sempre o lado bom das coisas. Animava seus colegas. Era até um pouco poeta, um pouco artista. Passava horas nadando sozinho, observando as cores, as belezas da lagoa e sonhando horizontes de paz e de amor.
Certo dia ele fez uma descoberta. Estava a nadar no fundo da lagoa. De improviso, viu um buraco por onde entrava agua. Isso chamou-lhe a atenção. Pensou: “Se a agua sair pelo buraco e não voltar atrás, ela vai para outro lugar. ( Ele não sabia que havia outro lugar). Eu quero conhece-lo”.
Ele preparou-se para a grande viagem. Fez até um regime para passar melhor pelo buraco. E saiu da lagoa. Estava muito emocionado. Foi cair num riacho e conheceu a agua corrente. Deixava-se levar por ela, pulando nas pedras. Chegou a um rio grande e majestoso. E aí encontrou muitos peixes com quem criou laços de amizade. Havia também muito alimento. Era para ele um mundo novo de paz, fraternidade e fartura. O mundo de seus sonhos!
Quando, brincava, pulava em cima das águas conseguia enxergar as margens verdes e bonitas. Era feliz.
Mas, em sua felicidade, havia também uma ponta de tristeza que crescia sempre mais no seu coração: a saudade pelos companheiros peixinho, a preocupação e a angustia em pensá-los constantemente ameaçados de morte.
Sentia-se culpado por não partilhar com eles a alegria de viver num mundo de paz, harmonia e fartura.
Decidiu voltar para a lagoa. Quando chegou, reuniu todos os peixinhos e contou suas descobertas.
Convidou todos a irem com ele para este mundo novo.
Alguns peixinhos aceitaram e se prepararam para a viagem. Outros, mesmo acreditando, recusaram o convite por medo do sacrifício e do risco do novo. Outros ainda gozaram e chamaram de sonhador o peixinho que tinha trazido a boa notícia.
Houve também um que contou a história a um peixe médio que relatou tudo aos grandes. Eles se sentiram ameaçados nos seus privilégios e tiveram medo de perder parte de suas abundantes refeições.
Então reuniram-se e condenaram à morte o peixinho da boa noticia que eles chamavam de “saliente” e “ subversivo”. Um peixe médio, encarregado de fazer o serviço, o comeu numa hora em que estava sozinho.
É claro, os grandes festejaram, comemoraram e diziam: “Acabou a baderna, voltou a paz à lagoa!”
Os grandes estavam enganados. A boa noticia já estava espalhada. E muitos peixinhos e até alguns peixes médios e peixes grandes, que antes estavam desconfiados ou hostis, diante do sacrifício do peixinho morto, começaram a acreditar na sua mensagem.
Prevaleceu a ideia de que não era preciso sair da lagoa para realizar este mundo novo. O mundo novo podia acontecer dentro da lagoa. Era necesssário unir as forças para mudar as coisas, viver as leis do respeito por todos, da igualdade, da solidariedade e partilha, para que todos tivessem vida em abundância (cf. Jo 10,10).
A memória do peixinho morto se tornou estimulo de luta e compromisso e fonte de coragem e esperança nas difivuldades. Aliás, para todos, ele está vivo!
Conta a histoória que na lagoa muitas coisas melhoraram, mas tem ainda muita coisa a fazer. De vez em quando outros peixes morrem, cresce a força e a coragem de todos, como aconteceu com o primeiro peixinho que se sacrificou por todos».

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